Ansiedade: aprendendo a cuidar de si nos dias difíceis

A ansiedade é uma reação natural do corpo e da mente diante de desafios, mudanças ou situações novas, como uma prova, uma apresentação no trabalho ou uma mudança de cidade. Um pouco de ansiedade é normal e pode até ser útil, mas, quando se torna intensa, constante ou começa a interferir na rotina, no sono e nos relacionamentos, pode indicar um transtorno de ansiedade, um problema de saúde mental que merece atenção.

O que é a ansiedade?

Do ponto de vista clínico, a ansiedade é um estado emocional marcado por preocupação, tensão e alerta, geralmente diante de situações percebidas como ameaçadoras. Ela nos ajuda a nos preparar para agir, mas, quando se torna desproporcional, deixa de cumprir seu papel protetor e passa a causar sofrimento físico e emocional.


Quando a ansiedade se torna um transtorno?

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição), a ansiedade se torna um transtorno quando é persistente, intensa, difícil de controlar e causa prejuízo significativo nas atividades sociais, profissionais ou pessoais.

Tipos de transtornos de ansiedade e critérios DSM-5

1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

  • Preocupação excessiva sobre vários acontecimentos ou atividades na maior parte dos dias, por pelo menos 6 meses.

  • Dificuldade em controlar a preocupação.

  • A ansiedade vem acompanhada de pelo menos três dos seguintes sintomas:

    • Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele

    • Fadiga fácil

    • Dificuldade de concentração ou mente “em branco”

    • Irritabilidade

    • Tensão muscular

    • Perturbação do sono

  • Causa sofrimento clínico significativo ou prejuízo em áreas importantes da vida.

2. Transtorno de Pânico

  • Ataques de pânico recorrentes e inesperados, caracterizados por medo intenso ou desconforto, atingindo o pico em minutos.

  • Presença de quatro ou mais sintomas durante o ataque, como:

    • Palpitações, sudorese, tremores

    • Falta de ar, sensação de sufocamento

    • Dor ou desconforto torácico

    • Tontura, desrealização ou despersonalização

    • Medo de perder o controle ou de morrer

  • Pelo menos um ataque é seguido por um mês ou mais de preocupação persistente ou alteração comportamental significativa.

3. Fobias específicas e fobia social

  • Medo intenso ou ansiedade sobre um objeto ou situação específica (ex.: altura, animais, falar em público).

  • A exposição provoca ansiedade imediata e é evitada ou suportada com grande sofrimento.

  • O medo é desproporcional à ameaça real.

  • Duração mínima de 6 meses e causa prejuízo clínico significativo.

4. Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

  • Presença de obsessões (pensamentos intrusivos, indesejados) e/ou compulsões (comportamentos repetitivos ou atos mentais).

  • As obsessões ou compulsões são reconhecidas como excessivas ou irracionais.

  • Causam sofrimento significativo ou prejuízo funcional.

5. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

  • Exposição a um evento traumático com revivência persistente (flashbacks, pesadelos).

  • Evitação de estímulos associados ao trauma e entorpecimento emocional.

  • Sintomas persistentes de alerta aumentado (hipervigilância, irritabilidade).

  • Duração superior a 1 mês e causa prejuízo significativo.


Por que tratar os transtornos de ansiedade?

Os transtornos de ansiedade podem afetar gravemente a qualidade de vida, prejudicando o sono, o desempenho no trabalho, os estudos e os relacionamentos. Além disso, aumentam o risco de depressão, insônia e doenças cardiovasculares.

O acompanhamento com um psiquiatra ou psicólogo é essencial para identificar o transtorno, oferecer acolhimento e definir o tratamento mais adequado.


Tratamento da ansiedade

O tratamento pode combinar:

  • Psicoterapia: estratégias para lidar com pensamentos e emoções, técnicas de relaxamento e ressignificação de experiências.

  • Medicação: quando indicada, ajuda a equilibrar neurotransmissores e reduzir sintomas físicos e emocionais.

  • Hábitos saudáveis: prática regular de atividade física, boa higiene do sono, técnicas de respiração, relaxamento e meditação contribuem para o equilíbrio emocional.


Acolhimento e esperança

Se a ansiedade tem dificultado seus dias, saiba que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, é um gesto de coragem e cuidado com você mesmo. Com o acompanhamento certo, é possível retomar o equilíbrio, respirar com mais leveza e viver o presente com mais tranquilidade.

Lembre-se: sentir ansiedade é humano, mas ela não precisa ocupar todo o seu espaço. Há caminhos, tratamento e pessoas dispostas a acolher você. Você não está sozinho, e há esperança para dias mais serenos.

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